A Origem
A manga é o fruto da mangueira (Mangifera indica L.), árvore frutífera da família Anacardiaceae, nativa do sul e do sudeste asiáticos desde o leste da Índia até as Filipinas, e introduzida com sucesso no Brasil, em Angola, em Moçambique e em outros países tropicais.
O nome da fruta vem da palavra malayalam manga e foi popularizada na Europa pelos portugueses, que conheceram a fruta em Kerala.
A manga é a fruta nacional da Índia, Filipinas e Paquistão. São encontradas menções a ela em canções do século IV em poemas escritos em sânscrito, por poetas como Kalidasa.
Acredita-se que Alexandre, o Grande (século 3 AC) e o peregrino chinês Hieun Tsang (7 º século DC) provaram o fruto. Mais tarde, no século 16, o imperador mongol, Akbar plantou 100.000 árvores de manga em Darbhanga, Bihar num lugar agora conhecido como Lakhi Bagh.
O Clima
A mangueira adapta-se bem em áreas onde as estações seca e chuvosa são bem definidas. O período seco deve ocorrer bem antes do florescimento, de modo a permitir à planta um período de repouso vegetativo, e prolongar-se até a frutificação para evitar os danos causados pela antracnose e o oídio.
Após a frutificação, é benéfica a ocorrência de chuva, pois estimula o desenvolvimento dos frutos e impede a sua queda.
Quando se pode contar com um sistema de irrigação (regiões semi-áridas) o plantio da mangueira pode ser feito em qualquer época do ano. Quando não se dispõe dele, realiza-se o plantio no período chuvoso.
O Solo
A mangueira vegeta tanto em solos arenosos quanto nos argilosos, sendo que solos de baixadas, sujeitos a encharcamento, e os pedregosos, devem ser evitados. As áreas que permitem a mecanização são especialmente indicadas. O espaçamento é o de 10m entre ruas por 10m entre plantas. Outros espaçamentos podem ser usados, conforme as condições do solo e do manejo da cultura: 9 x 9m, 9 x 6m, 10 x 8m, 8 x 8m, 8 x 5m, 6 x 6m, 5 x 5m.
As Espécies cultivadas
As de cultivo mais indicadas são as que aliam a alta produtividade a qualidades como a coloração atraente do fruto, bom sabor, pouca fibra, etc.
Tommy Atkins
Frutos médios a grandes, de 400 a 700g, cor amarela a vermelha, superfície lisa, casca grossa e resistente. De excelente sabor, doce e pouca fibra. Relativamente resistente a antracnose.
Haden
Frutos médios a grandes, 400 a 600g, cor amarelo-rosada; polpa sucosa, sem fibras, doce e de cor laranja-amarelada. Semente pequena. Além de vegetar muito, é considerada alternante e susceptível à antracnose e à seca da mangueira.
Keitt
Frutos grandes, 600 a 900g, cor amarelo-esverdeada com laivos fracos avermelhados; polpa amarelo intenso, sem fibras, sucosa; semente pequena; planta muito produtiva, com hábito de crescimento típico, com ramos longos e abertos.
Van Dyke
Frutos médios, 300 a 400g, cor amarela com laivos vermelhos; polpa firme e resistente ao transporte; sabor agradável, muito doce. Semente pequena, planta muito produtiva.
Surpresa
Frutos médios a grandes, 400 a 600g, cor amarelo intenso; polpa amarela, firme, sucosa, muito doce, sabor agradável e sem fibra. Semente pequena, planta muito produtiva, relativamente resistente à antracnose.
Sementes e Semeadura
Escolha do Porta-Enxerto
A escolha dos porta-enxertos varia de uma região para outra e depende da disponibilidade de sementes. As espécies cultiváveis poliembriônicas, que geram duas ou mais plantas de uma única semente, são as mais indicadas por induzirem maior vigor à muda.
Seleção de Plantas Matrizes
As plantas matrizes, fornecedoras de garfos e borbulhas para enxertia, devem ser selecionadas previamente.
São características essenciais para uma boa aceitação comercial: alta produtividade; pouca ou nenhuma alternância de produção, isto é, um ano produz muito, outro produz pouco; resistência ou baixa suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças; coloração externa do fruto atraente; aroma e sabor agradáveis; polpa de boa consistência e não fibrosa; semente pequena, em torno de 10% do peso total do fruto.
Preparo da Semente
A semeadura deve ser feita o mais cedo possível, a fim de se obter maior percentagem de germinação e porta-enxertos mais vigorosos. Os frutos devem ser colhidos “de vez” ou maduros. Efetua-se o descascamento, a retirada da polpa, a lavagem das sementes e a secagem à sombra. Com o auxílio de uma tesoura de poda, extrai-se a casca que envolve a amêndoa.
Época da Semeadura
No Brasil a semeadura é feita entre os meses de outubro e março.
A sementeira deve ser localizada, de preferência, em terreno plano, fértil, solto e profundo. O local deve ser arejado, protegido contra ventos, e estar próximo de um manancial de água.
Preparação do Terreno
Com uma enxada ou um arado, revolve-se o solo até a profundidade de 20cm. Dez a quinze dias depois, quebram-se os torrões, retiram-se os restos de raízes, tocos e pedras existentes. A terra da superfície da cova é misturada com 10 a 20 litros de esterco de curral bem curtido, 1000g de calcário, 500g de superfosfato simples e 100g de cloreto de potássio.
Lança-se dentro da cova metade da terra misturada, e sobre esta acomoda-se a muda, uma vez removido o envoltório de plástico. Coloca-se a muda de tal modo que fique com o seu colo ligeiramente acima do nível do terreno. A outra metade da mistura é utilizada para completar o enchimento da cova.
Preparo da Sementeira
Em geral, os canteiros são feitos com as dimensões de 10 a 20m de comprimento por 1,20m de largura e 15cm de altura. Entre eles deve ficar um espaço livre de 50cm de largura.
Formação da Muda
Enxertia
O êxito desta operação depende de: a afinidade entre o porta-enxerto e o enxerto; a época do ano, relacionada com as condições fisiológicas do garfo ou borbulha (gema, “olho”) e do porta-enxerto; condições climáticas, etc.
Época de Enxertia
A mangueira pode ser enxertada durante o ano todo. Deve-se evitar os períodos chuvosos, uma vez que esta condição reduz sensivelmente a percentagem de pegamento, dando-se preferência aos dias e horários pouco ensolarados.
Métodos de Enxertia
Os principais são: Garfagem, Garfagem no topo em fenda cheia, Garfagem à inglesa simples ou bisel, Garfagem lateral, Borbulhia, Borbulhia em “T” invertido, Borbulhia em escudo, Borbulhia em placa retangular.
Adubação
Incorporam-se 5 a 10kg de esterco de curral, 100g de superfosfato simples e 50g de cloreto de potássio, a cada 10m lineares. Em substituição ao esterco de curral podem ser usados 5 a 10kg de esterco de aves ou 1 a 2kg d e torta de mamona.
Tratamentos
Para obter mudas bem formadas e sadias faz-se, periodicamente, a eliminação manual da vegetação nativa, a escarificação (afofamento) do solo e a irrigação (durante o verão, pelo menos uma vez ao dia). O florescimento e a época de produção da mangueira podem ser antecipados artificialmente, mediante o uso de algumas substâncias químicas.
O produto mais usado com essa finalidade é o nitrato de potássio nas dosagens, de 1% a 8%. Embora apresente boa eficiência em todas essas dosagens, as de 2% a 4% são as mais utilizadas. Dissolve-se o produto em água e adiciona-se á solução um espalhante adesivo.
Tem-se usado também o nitrato de amónio na dosagem de 1,5%, obtendo-se bons resultados sobre a indução floral, além de se evitar o problema de queimaduras das folhas.
O etefon tem sido empregado em concentrações de 200 a 2.000ppm, podendo as dosagens mais altas causar desfolha. Mais comummente utiliza-se a dose de 200ppm e pode-se repetir a aplicação uma ou duas vezes, a intervalos de uma a duas semanas.
Nos plantios irrigados pode-se usar o stress hídrico para forçar a floração, ou seja, a suspensão da irrigação um a dois meses antes da época desejada para o florescimento.
Colheita
A mangueira, quando enxertada e conduzida de acordo com os requisitos técnicos exigidos pela cultura, inicia a frutificação no segundo ano após o plantio. Mas a produção económica ocorre só a partir do quarto ano. É importante evitar ferimentos na casca e pancadas nos frutos, acondicionando-os cuidadosamente em caixas. Estas devem ser mantidas à sombra
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